24 de julho de 2014

RELATO DO MEU QUASE PARTO - PARTE 1

Davi, O BEBÊ.
Débora, A MÃE.
Vinicius, O PAI.
Malila, A DOULA.

Sábado, 24/05/14

Já há 2 dias com contrações atrapalhadas. Irregulares, porém constantes.
Já havia conversado com a Malila e ela só me acalmava dizendo ser os possíveis pródromos. Como a minha última consulta pré-natal tinha sido já há algum tempo, ela me aconselhou a passar por uma avaliação na Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda (MMA) no domingo.

Estava prestes a completar 41 semanas e já não agüentava mais tanta barriga.
Então eu orei... 

“Senhor, eu não quero ir naquele hospital à toa. Quero ir em Trabalho de Parto”.

Domingo, 25/05/14
*5hs da manhã

Após dormir com muito custo (ansiedade, desconforto, dor nas costas), uma dor bem forte me acordou. Fiquei confusa pelo sono e voltei a dormir.
A dor voltou 1 vez, e 2 vezes, e 3 vezes...
Fui tomar um banho quente para ver se elas sumiam e para minha surpresa, ficaram mais presentes.

*5:20hs

Acordei Vinicius e depois Malila.
Ela me orientou a ir para maternidade e eu levei um susto.

“Mas já? E todo aquela coisa de passar o TP em casa com massagens e banhos relaxantes?”

E foi só depois que entendi que o que eu estava sentindo há 2 dias não eram pródromos, e sim o início do meu TP.


Cheguei na maternidade às 8hs com contrações regulares de 4 em 4 minutos.

Demorei 1h para ser avaliada e fui surpreendida ao ser atendida pela Super Drª Bernadette Bousada em pleno domingo.

Estava na esperança de já estar com 5cm, mas estava apenas com 2cm.
Como minha doula sempre dizia “não se apegue aos números” eu não me deixei abater.

Após a avaliação fui encaminhada para fazer o meu 1º exame de Cardiotocografia. E, NOSSA! Como dói ficar deitada durante as contrações! 


Fiquei o tempo todo olhando o monitor e o coração do meu filhote estava perfeitinho.



Fui a pé para uma lanchonete perto da maternidade.
Comi pão de queijo e bebi suco de uva.

De repente, toca no celular da atendente a música “Jamais deixarei você/Bruna Karla” que eu cantei para meu esposo no dia do nosso casamento. Coincidentemente, era nosso aniversário de casamento no civil.
Tudo estava maravilhoso! Eu estava tão feliz!

 Voltamos para a maternidade e fui avaliada novamente.
3cm.

“O QUE?” na hora me bateu uma decepção enorme. Mas incentivada pela Malila e agarrada nas mãos do marido, fui caminhar pela maternidade para dilatar os 2cm restantes.
Driblamos uns seguranças chatos que insistiam que eu só poderia ter 1 acompanhante e 2hs mais tarde, fui reavaliada. Consegui os meus 5cm.

Na hora a dor diminuiu só pelo fato de eu ter relaxado. Só de imaginar o chuveiro quente da sala de parto, eu já sorria.
Ficar em TP com pessoas te olhando é constrangedor.

Malila me perguntou se eu queria ir a pé ou sentar na cadeira de rodas, e eu só respondi “o mais rápido”.


*16:00hs
NA SALA DE PARTO

Entrei e já fui perguntando onde era o chuveiro. Liguei e esperei esquentar. Malila desligou todas as luzes mas e me senti cega. Preferi as luzes acesas. Então ela ligou o foco de luz (aqueles usados em cirurgias) e virou para parede. Ficou meia-luz, eu gostei.


Esperei meu marido entrar (ele foi buscar as malas no carro) e fui para o chuveiro. Parecia que eu tinha tomado anestesia. QUE NEGÓCIO BOM!
Fiquei lá por horas.

Várias enfermeiras vieram verificar o coração do bebê. As mais especiais eu guardei o nome e a fisionomia.

A primeira foi a Arianna, enfermeira com o pingente do SIAPARTO. E eu só pensava “como eu consegui um plantão tão bom em pleno domingo?”

Não sei quanto tempo fiquei debaixo do chuveiro. Só sei que quando eu saia de lá, já queria voltar.
Fiquei na bola, na banqueta, e pé, agachada. Mas no chuveiro sempre era melhor.



Fui preparada com meu plano de parto em mãos. Assim que entrei na sala eu deixei disponível para as EO e médicos. Para minha surpresa, soube que fui disputada pelo plantão. Todos queriam atender a ÚNICA paciente com plano de parto.


Pensava o tempo todo “como estou feliz!”.
Eu estava sentindo muita dor, mas estava tão feliz!
Chorava e sorria todo o tempo. Como eu desejei sentir aquelas dores!
Em momento nenhum eu sofri. Sentir dor não é sofrer. Pelo menos não a dor de trazer uma vida.





Comecei a ter contrações mais intensas e bem mais próximas umas das outras. Estava evacuando involuntariamente e sentia que ao fazer força a dor diminuía.
A pressão no ânus era terrível!

12hs  já tinham de passado desde a internação e 23hs desde o início das dores,  e com todos esses sinais, imaginei ter chegado a dilatação total.

Perguntei para Malila “essa bolsa não vai romper?” e ao me levantar da banqueta, senti um líquido quente escorrer pelas pernas.

Logo veio uma outra enfermeira. Essa eu também lembro o nome. Estefânia.

Ouviu o coração do bebê e estava perfeito. Malila até brincou dizendo que o Davi não estava nem aí para nada porque nem durante as contrações o seu coração oscilava.

Sentei na banqueta para fazer o toque.

E então, levei um soco no estômago...


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11 de fevereiro de 2014

O REAL MOTIVO DO MEU DESAPARECIMENTO

Desta vez eu não tenho desculpas para justificar o meu sumiço do blog.
Eu escrevi porque eu não quis, simplesmente.
Estava (e ainda estou) desanimada, frustrada e chateada.

Vou dizer o por quê.

Desde que me descobri grávida, o assunto por mim mais procurado no Google é "parto".

Descobri então A VERDADE.

Que o mundo vive uma cultura cesarista, onde existem "n" indicações ridículas para se fazer cesárea.
Médicos que enganam descaradamente uma mulher fragilizada (porque mulher grávida é frágil, gente!) somente para ganhar mais.

Ora, em 1 dia de trabalho se faz 5 cesáreas (ou mais) e somente 1 (no máximo 2) partos normais.

Para que ganhar por 1 se posso ganhar por 5?

Médicos que tratam uma vida somente como mais um bebê, não entendendo que aquele é O bebê para a tal mãe.

Surgiu então uma cultura tão cesarista, que hoje os estudantes de medicina aprendem errado. E quiçá os professores de medicina também.

Quando terá sido a última vez em que se aprendeu medicina baseada em evidências? Em que século?

Hoje nossos hospitais agregam médicos que NUNCA fizeram parto normal. NUNCA! (E se um dia fizeram, o fizeram com indução desnecessária, corte no períneo, manobra de Kristeller, entre outras tantas intervenções desnecessárias e cruéis (e se for assim, você acha realmente que uma jovenzinha preferirá um parto normal a uma cesárea?).

E assim, jovens e mais jovens vem crescendo nesse mundo cirúrgico, onde o parto normal é visto como coisa de índio.

Pois bem, se isso é coisa de índio, mim ser índia branca.

Mas sabe o que me dói mais? O que me frustra e às vezes me deixa até com raiva?

A mente fechada das pessoas. Estamos cercadas de gente preguiçosa para aprender, gente acomodada.
Eu aposto os dinheirinhos que eu nem tenho se agora,  NESSE EXATO MOMENTO não tem um bando de gente ignorante dizendo que todas as evidências apresentadas sobre o parto natural são mentirosas.

E quando eu digo gente ignorante, eu não me refiro a pessoas sem estudo, ou até aquelas que um dia foram enganadas pelos médico. Eu me refiro à pessoas que REJEITAM o saber.

Estou cansada, totalmente esgotada de tentar mostrar e AJUDAR (pois eu faço isso pra te ajudar, moça! Eu não ganho dinheiro com isso) e ouvir que o médico tem sempre razão, ou até ver a cara de desprezo e descrença.

Pois se você não acredita em mim, faça como eu. Vá à luta! Busque informações!

Eu um dia já disse "eu? parto normal? NUNCA!". Pois fui em busca de informação e vi a verdade.

Se o médico fofinho te disse que circular de cordão mata, busque uma 2ª, 3ª, 4ª opinião! Seja esperta! Procure um BOM médico. Pergunte o índice de parto normal do seu obstetra. Entre em contato com obstetras humanizados. Pergunte, pesquise, ESTUDE!

É a vida do SEU filho que está em jogo.

E é por isso TUDO, por essa frustração, por me sentir um ET nesse mundo cesarista, que eu parei de escrever no blog.

Nem contei que eu tenho uma doula. Nem contei que faço parte de um grupo POWER sobre parto normal humanizado. Nem contei que eu penso em um dia ser obstetra/doula/enfermeira obstétrica/parteira/(algo no ramo).

Não contei pois parece que não tem quem queira ouvir.

Se tem alguém aí que quer de FATO informação, levante a mão e grite "EU". Informação não dói. Ninguém vai enfiar a mão pela sua vagina e arrancar seu bebê.

Débora S.

16 de dezembro de 2013

DESABAFO

Estou triste, com medo e com muita vontade de chorar!
Que país é esse em que vivemos?
Um lugar onde não se tem autoridade nem sobre o próprio corpo. E o pior é que as pessoas desinformadas acreditam em médicos mercenários e cruéis.
Já perdi as contas de quantas vezes ouvi falar "quem manda na gravidez é o médico". Como é que é? O corpo é meu! As 7 camadas de tecido que serão cortadas são minhas!
Quem ficará na cama por dias, toda cortada sem nem conseguir dar banho no bebê, SOU EU!
E parem de dizer "ah, eu não senti nada". Problema é seu.
Respeito quem escolhe a cesárea eletiva, cada um sabe da sua própria capacidade, mas EU quero sentir as dores, EU quero fazer força e ajudar meu filho a vir ao mundo. EU quero sentir a ocitocina NATURAL me invadir, fazendo meu leite descer, trazendo as contrações cada vez mais regulares e doloridas, me fazendo cada vez mais mãe.
O medo que eu menciono no início do meu desabafo não é o medo do parto, é o medo das pessoas. Médicos que forçam a cesárea simplesmente porque para eles é melhor (afinal, ir pro hospital de madrugada pra que né? Marca a cesárea às 15hs). Medo das enfermeiras impacientes, medo das pessoas mais próximas que não se preocupam em dar apoio.
Esses dias, ouvi dizer de uma colega que chegou no pré-natal e escutou da médica "a data de corte é entre 39 e 40 semanas". Data de corte? Que isso, um açougue?
As pessoas tem que entender que Deus fez um corpo perfeito, um corpo capaz de gerar e de fazer nascer uma criança. E não precisa se cobrar R$12.000,00 para isso (pois esse foi o preço que me passaram para um parto normal). Cada vez acredito mais que "a segurança do bebê" não tem nada a ver com a escolha do médico. DINHEIRO é o que está envolvido no negócio.

O corpo é meu. QUERO sentir as dores. Quero tentar pelo menos. Sou corajosa o suficiente para tentar.

E para quem diz que eu não consigo (acreditem, eu já ouvi muito isso!). EU CONSIGO SIM!
EU SOU MÃE!
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